quarta-feira, 4 de julho de 2012

I have become comfortably numb

A depressão parece ser o mal de século seguido de perto pelo obesidade (ou seria o contrário?). Hoje em dia é muito difícil achar alguém que nunca tenha passado pelo problema, que nunca tenha usado anti-depressivos, pra ser bem honesta é difícil até achar alguém que não esteja usando a medicação no momento.

Agora eu pergunto: Por que diabos estamos tão tristes???

Não acho que estejamos mais tristes do que já fomos, na verdade acho que estamos só mais pangarés. Não suportamos mais sequer o nível mais básico de dor ou sofrimento, começou com a cesariana (nada contra, pelamor, a raqui me salvou a vida!...ou pelo menos a do meu marido...) e se estendeu até o coração partido tratado com Zoloft, ao invés de um pote de sorvete com muita calda de chocolate. A verdade é que o desânimo não é mais admitido na nossa sociedade, vivemos na era do imediatismo, da recompensa instantânea, me parece apenas natural que penar pra encontrar um caminho pra fora do pântano perca feio pra possibilidade de tomar uma pílula e deixá-lo parecido com o paraíso pra que nunca se sinta a necessidade de sair de lá. E assim seguimos atropelando o curso normal das coisas só pra nos mantermos em pé quando deveríamos nos enterrar embaixo das cobertas e assistir a quatro filmes seguidos acompanhados de pipoca e guaraná, não damos tempo ao tempo e seguimos engolindo mágoas e frustrações inteiras, sem horário vago na agenda (ou saco) pra mastigá-las...só podia dar indigestão.

Eu tenho uma história com esse mal (não com a indigestão, desse eu nunca sofri) e não é de hoje, sinto a coisa sempre por perto, espreitando, pronta pra me agarrar pelas pernas no momento em que eu der bobeira. Não dou! Tento ficar esperta e sabe o que é interessante? A coisa nunca mais me pegou de jeito desde que eu me dei conta de que ela poderia, a qualquer momento...mind over matter?

Eu sei que depressão, em alguns casos, é realmente um desequilíbrio químico do cérebro, mas tenho a impressão que tentar conseguir tal equilíbrio artificialmente, na grande maioria das vezes, piora as coisas cada vez mais, tipo as plásticas do Michael Jackson. Eu tenho pra mim que o importante pra que tem essa tendência "emo" é mesmo se vigiar e quando sentir uma inexplicável tristeza se insinuando pelos cantos da alma, dar aquela sacudida e lembrar de tornar a vida interessante ao invés de tentar se entorpecer pra tentar esquecer que ela não o é, no entanto acredito que o método mais eficiente de não sucumbir à depressão é se permitir ficar triste. Curtir a fossa ainda me parece o melhor jeito de sair dela, porque é melhor você esvaziar o copo de cerveja antes de trocar a marca que está bebendo.

PS: Desculpem o mau jeito, pretendia voltar com temas mais leves e não com essa feijoada completa, infelizmente é o que tem pra hoje...

1 comentários:

vanessa disse...

Cá , refletindo sobre esse texto nessa manhã , me vi algumas vezes nele ,nesse imediatismo , e esperando que a vida seja somente cor de rosa ... Adorei , estou muito feliz que voltou , beijos

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