segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Nos conformes!

Afff!!! Impressionante essa mania que a gente tem de tentar se adequar ao grupo. Não sei bem se isso é algo ensinado ou aprendido (sim, existe uma diferença brutal entre as duas coisas), mas o fato é que alguns de nós chegam a extremos, se quebrando todos, só pra tentar servir em uma forma padrão.

Sexta, no almoço, eu estava batendo papinho com a minha sobrinha de sete anos enquanto ela devorava uma porção de alface. Isso, alface. Nem salada era, era alface picada com vinagre. A bicha mandava aquilo pra dentro com tamanha satisfação que eu, que tenho lá minhas restrições com mato, fiquei intrigada e saí perguntando:

- Escuta, sua mãe nem tá aí hoje, tá comendo salada por que?
- Porque eu gosto, ué. Levo até de lanche!
- Leva salada de lanche???
- As vezes salada, de vez em quando shimeji mas o que eu gosto mesmo é de levar palmito
....Jeeezzzz
- Palmito é? ...por acaso as outras crianças acham isso estranho?
- Acham sim, elas até me batem de vez em quando.
...ô dó
- Por que não pede pra sua mãe mandar misto com Ana Maria de sobremesa?
- Ah, quem trocaria sopa quentinha ou salada por um simples lanche? Deixa elas pra lá né, tia Cacá?


Tem gente que foge do padrão, e fala sério, que mal há nisso?...parece aquela hístória de sair perseguindo, dando sinal de luz ou buzinando loucamente atrás de alguém, só pra avisar que a porta de trás do carro (sem passageiros)  não está fechada corretamente. Você acha mesmo que está fazendo um bem a humanindade ou simplesmente te incomoda?

Os outros não gostam que você fuja do padrão, não sei se pelo mesmo motivo que a portas semi-abertas causam tamanha comoção (mesmo que um acidente tenha menos probabilidade de acontecer que as cenas do comercial da Coca Zero) ou se simplesmente gostamos de tudo nos "conformes". 

Não demoramos muito a entender que fugir do normal pode ser socialmente prejudicial. Fica claro desde o ensino fundamental, quando alguém te odeia só por ter uma paladar diferente e vai ficando cada vez mais claro, à medida que crescemos, que a conformidade ao grupo é o caminho mais utilizado, é a rodovia pavimentada, com guincho 24h, iluminação adequada e maior segurança...mas sei lá, nunca fui muito fã de trânsito...

Outro dia vi um documentário do Discovery sobre isso (sim, adoro documentários e os cito sempre porque dão um certo embasamento científico as minhas viagens, pode ser?), conformidade ao grupo. A pessoa era colocada numa sala cheia de atores (ela obviamente ignorava tal fato) que deliberadamente escolhiam a alternativa errada pra pergunta feita pelo "cientista", mas todos os atores escolhiam a mesma resposta errada. A cobaia escolhia a alternativa CLARAMENTE correta, ou seja, não havia margem pra dúvidas, ele divergia do grupo uma, duas e muito raramente três vezes, depois disso, ele escolhia a mesma resposta do grupo, mesmo sabendo que era a errada. Curioso não?

Hoje, no entanto, uma menininha de sete anos, muito da articulada e dois caras brilhantes, sempre atentos ao verdadeiro significado das palavras, me chamaram a atenção pro fato de que "normal" é simplesmente algo que se repete com maior frequência, portanto não existe nada de essencialmente errado com o "anormal". Aliás, o raro não devia ser mais valioso?...será que é isso que incomoda?

Seja quem você é, faça o que gosta sem se importar demais com o que os outros acham, porque ninguém vai dormir nossos sonhos!