terça-feira, 27 de setembro de 2011

Coragem, coragem!


Confesso que já fui uma pessoa bem intolerante, insensível, egoísta e explosiva, claro que continuo sendo todas essas coisas, mesmo porque ainda não me ficou muito claro até onde se pode mudar sem que se perca de si mesmo, mas hoje, de forma um pouco mais, digamos, moderada.

Sou briguenta sim, nunca levei desaforo pra casa, mas hoje em dia procuro até fazer uma força, espremo num bolso da calça, jogo no fundo do porta-malas, sei lá. Não fico com ele pra sempre, só o tempo necessário pra coisa dar uma assentada na minha cabeça, até que eu encontre um jeito de melhor de lidar com a situação que não o primeiro impulso, nada civilizado, de passar um rasteira e partir pra cadeirada (hahaha brincadeira hein?...ok...médio...Oo). Não virei a Branca de Neve, mas não me considero mais uma Holligan.

Todos queremos melhorar com o tempo, crescer, amadurecer, acho que é um desejo comum a qualquer ser humano, mas pra isso é necessário que não nos privemos da tristeza, vergonha ou seja lá o que for que uma experiência ruim nos traga. É importante viver esses baixos com tanta intensidade quanto os altos pra que se possa aprender com eles. É preciso manter os olhos abertos na queda, é preciso coragem.





Conheço muita gente que não se permite sofrer, não se permite conhecer, não se permite amar, ser amado, gente que não se permite! O mais estranho é que essa gente que se pensa forte por isso. Faz-me rir!

Força pra mim é o exato oposto, é conseguir se arrebentar em um milhão de pedaços pra depois juntar os cacos, colar do jeito que der e recomeçar, é conseguir se reinventar por que entendeu que do jeito que era não podia continuar. Força é sofrer quando a situação assim o determina ao invés de segurar o choro e seguir vivendo como se nada tivesse importância, porque a verdade é que as coisas só têm o valor que atribuímos a elas.

Não sou a favor da auto-comiseração, muito pelo contrário, mas acho é preciso cair, chorar, abanar os ralados e esfregar os hematomas pra só então colocar um band-aid pra aí sim, agarrar a vida pela crina e tentar montá-la de novo. É preciso entrar em contato com os sentimentos, nos fazer perguntas difíceis (daquelas que só seu travesseiro sabe fazer). Tentar ignorar as experiências negativas  é o melhor jeito de vivê-las novamente em breve! Viver na superfície de si mesmo é tão prazeroso quanto comer (os diabéticos que me perdoem, mas açúcar é fundamental!) uma sobremesa diet. Quem vê o outro saboreando aquele doce maravilhoso fica até com água na boca, mas só quem tá comendo sabe o quanto aquela porcaria é inssossa.

Esse tipo de comportamento sempre nos toma o melhor de cada experiência.  É fácil boicotar nossas fantasias por medo do fracasso, se acabar em preocupações com o problema dos outros pra não pensar nos seus, tentar manter a calma frente a uma situação que requer desespero (tá essa nem é tão fácil assim...) ou tentar disfarçar nosso vazio interior concentrando-se somente no exterior.
Eu sei que se pode viver assim, encenando uma vida perfeita, tirando a máquina fotográfica da bolsa só na hora de tomar as pingas, relegando os tombos à completa obscuridade, mas é que eu por algum motivo penso que o objetivo é viver e pra isso é preciso mais que uma boa atuação, é preciso sentir, amar, sofrer, perdoar, ser perdoado, se irritar, dar bola fora (daquelas monumentais que te fazem considerar aquela oferta de emprego de meteorologista no deserto do Atacama), odiar, nem ligar, se arrepender...é preciso coragem. Coragem pra mudar ou pra se assumir, coragem pra enfrentar o medo de talvez ter sido covarde até agora.