quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Onde vivem os monstros

Eu tava assitindo um programa sobre obcessivos-compulsivos ontem à noite, ontem a coisa era especialmente focada nos colecionadores, ou seja, aquelas pessoas que juntam lixo e acabam soterradas nele sabe?
Eu acredito que existam doenças mentais, não, não do mesmo jeito que acredito em fantasmas ou em duentes (nem sei se acredito de fato em fantasmas, em duentes definitivamente não, foi uma afirmação meramente ilustrativa do "eu acredito" incorreto....nesse caso..... hahahaha, esquece!), o fato é que sei que as doenças mentais existem de fato, mas também acredito (isso não sei de fato, não tenho provas reais) que seus detentores (das doenças mentais) são os grandes responsáveis pelo seu desenvolvimento.

Ok, podem me achar uma ridícula, absurda, ignorante, etc...mas na minha humilde opinião todos temos algum tipo de "problema" mental. Sabe aquela máxima "de perto ninguém é normal"? Acho que é beeem por aí. Eu sempre soube disso, mas achava que tinha a ver com a capacidade de dissimilação das pessoas mas agora, especialmente depois de ver no programa de ontem pessoas destruindo deliberadamente a própria vida e de quem estivesse ao redor por causa de vícios e compulsões e ver a história de vida delas, como elas era antes de tudo aquilo começar tendo a acreditar que não é só a capacidade de se fazer de normal que vale, mas a quantidade de auto indulgência (isso faz com que eu me sinta bem), auto comiseração (quando tinha 4 anos fui acampar com o meu pai e ele não levou nenhum chocolate pro lanche e desde daquele dia tenho que ter sempre um chocolate à mão) e falta de parâmetro de comparação (algumas dessas pessoas viviam sozinhas, sem outras pra dar um pedala bem dado bem na nuca e mandar virar homem....fossem eles homens ou mulheres).

A gente adora dar desculpa pro nosso mau comportamento, assim como o do nossos filhos, dos nossos pais, até do nosso cachorro. Por que? Porque temos a ilusão de que tratar o sintoma é menos doloroso e  mais rápido que tentar achar o agente causador , ou seja, não sei pq fazemos um auê tão grande qdo descobrimos que fomos iludidos por outra pessoa, um político, um amante, um amigo....adoramos a ilusão! Ela é tão mais aconchegante e acolhedora que a verdade, essa coitada, nunca foi mesmo párea pra nossa imaginação e nem nunca vai ser.

Ai, sou impossível fala sério, quero falar de uma coisa e não consigo! Nunca chego ao fim! Passa um avião lá looonge e me distrai, abaixo pra cheirar uma flor, encontro um liquidificador escondido embaixo de uma pedra e....onde é que eu estava mesmo? Aliás onde estou?

Bom, retomando, auto indulgência e auto comiseração são combustíveis pra doenças mentais. É isso que penso!

A doença existe? Sim! ...mas sei lá, acho que existe em todos nós. O grau que ela vai atingir, me parece, na minha abençoada ignorância do funcionamento químico do cérebro, intimamente ligada ao modo como decidimos reagir ao que acontece nas nossas vidas. Isso, decidimos. Pensem o que quiserem, afinal esse é um país livre mas pra mim esse é o único controle que temos de verdade nessa vida, como vamos reagir ao que acontece, já o que acontece....como já diria minha mãe a gente põe e Deus dispõe (e ditados de Mamy bombando no blog!).

Já viu algum viciado ter tido uma vida bacana, ou pelo menos normal? Quer dizer, pode até parecer normal (quem diria que aquele rapaz de uma família tão boa acabaria assim?), mas dentro deles o inferno e o tormento era sempre insuportável, tão insuportável que a única saída possível era o vício pra poder anestesiar a imensa dor de viver. Sei que o que vou dizer agora pode parecer insensível, mas o que eu escuto qdo ouço essas histórias é blá, blá, blá achava aquilo tudo divertido, blá, blá, blá fui fazendo com uma frequência cada vez maior pq só gosto de sentir prazer, trabalhar e ter responsabilidades não é o meu forte.

Hellooooo não é o meu também! É o seu??? Pára com isso, a única coisa que consigo ver aí é auto indulgência. A pessoa quer fazer o que dá prazer (é o mostrinho do radicalismo bateu um pratinho de 6 ovos mexidos com torradas e bacon hoje, mas sabe, ouvi dizer que admitir que o problema existe é meio caminho andado e pra bom entendedor meia palavra basta)!

A mesma coisa com a obcessão. A pessoa começa fazendo uma coisa simples tipo, comendo, limpando, sei lá. Alguém aí gosta de comer? Ficar num lugar organizado e cheiroso é bacana ou prefere uma possilga? Até aqui tudo normal. Aí o dito cujo começa a fazer daquilo uma obcessão, come até ter que ser tirado com uma empilhadeira de casa ou limpa até as unhas caírem no chão e os dedos começarem a sangrar e pronto! Temos mais um doentinho pra cuidar! Por que? Porque por "N" motivos, que só ele saberá explicar com olhos lacrimejantes e costas arqueadas pelo peso da vida.

A verdade nua e crua, sussurrada pelo meu amigo com a barriga cheia de ovos, é que ele continuou fazendo , no melhor estilo peixinho dourado, o que lhe dava prazer! Sem nenhuma auto censura, pq afinal de contas, àquela pessoa que só limpa foi designada por Deus a manter todas as coisas do mundo organizadas além de ter sido obrigada a conviver sozinha com todos os germes e ácaros desse mundo, diferentemente de vc e eu que convivemos apenas com o pó e a sujeira.

O obeso se sentia mal por ser gordo e a comida oferecia conforto, portanto obviamente a solução mais prática não seria levantar a bunda da cadeira e tentar ter um estilo de vida mais saudável, mas sentir-se bem pelos 5 segundos que o açúcar do bolinho Ana Maria descia arranhando a garganta.

Vão dizer que estou tendo um acesso de raiva? É precisamente isso! Esses são os meus monstros e é exatamente pensando neles que escrevo esse post, ou seja, falo com conhecimento de causa! Foco é a palavra chave, esse é o prato preferido deles, foco marinado em auto indulgência, coberto com deliciosas lascas de auto piedade!...como estou escrevendo sobre isso agora é natural que esteja focada entendem (será q mencionei que justificativas estúpidas sâo um acompanhamento apreciadíssimo?)?

Eu acredito em monstros! Acho que todos nós temos alguns morando dentro de nós, estão vivos e têm vontades próprias, é verdade! No entanto, como qualquer coisa viva precisam de alimento pra poderem crescer, fortes e saudáveis e o que me conforta (mas com certeza desassosega outros) é que mesmo que lhes seja oferecido um banquete, precisam da nossa permissão pra sentar-se à mesa (se é que monstros têm esse costume...).

Não estou dizendo que isso resolve o problema, posso garantir (assim como todo o meu círculo social) que as minhas ferinhas andaram comendo um pouco mais de Sucrilhos do que eu gostaria, mas pelo menos nos traz de volta o controle e a responsabilidade que "confortavelmente" delegamos às doenças e distúrbios(ou que nos são tomados à força por elas, como eu disse tudo é uma questão de ponto de vista).




Enlouquecer é uma escolha? Provavelmente não, mas permanecer são talvez seja.