segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Another year over...




Ai, ai...um post de ano-novo?  Ai gente sei que é lugar comum, que é até brega, mas é que gostaria de dizer algumas palavras sobre essa época tão polêmica que é o final de ano . Uns amam, outros odeiam e entre os dois extremos existe ainda um milhão de outros sentimentos. Faço perte do primeiro time, definitivamente.





Tem quem garanta que essa história de que um ano novo nasce cheio de promessas não passa de balela, coisa inventada. Inventada por quem? Indústria? Com que intuito? Fazer cairem as vendas do Prozac por 1 mês pra poder dar férias pros funcionários? Sei lá, pra mim é uma coisa mais orgânica, criamos sem dúvida essa história de renovação da esperança depois de um ciclo de 365 dias, mas acho que essa invenção nasceu de uma necessidade nossa de sentir que todo ano temos uma nova oportunidade de fazer tudo diferente.

Eu sei que tem muita gente pensando (os mais doidos até falando alto e gesticulando impacientemente) que isso é ridículo, que temos essa oportunidade a cada minuto que passa, a cada dia que se levanta, mas fala aí, você não curte uma datinha marcada? Não marca um dia pra parar de fumar, quando poderia simplesmente não acender o próximo? Não promete que vai começar aquela dieta rigorosa na segunda-feira?  Não??? Então me conta, começa regime na quarta-feira? Começa???...aposto que eles dão resultado também né?

Eu, particularmente, acho demais a idéia de ter um ano novinho em folha pela frente (sim, sim só começo dietas na segunda....é, não dão muito resultado não...), um caderno zerinho, que se abre na minha frente com todas as páginas em branco (ai cacildis, tô praticamente ouvindo o Toquinho cantando "Aquarela") prontinho pra receber minhas resoluções de ano-novo (pelo menos eu confessei e você que tá aí, rindo da minha cara e faz igual, só que guarda o papel no fundo da maleta do faqueiro de prata que ganhou de herança da Tia Matlde e que ainda não teve a oportunidade usar).



Sem nenhum medo de parecer cafona (só de usar essa palavra eu já me entrego né, fala sério!) eu confesso que acredito, de todo o coração (se precisasse até batia palmas, I believe, I believe...quem não entendeu vai ter que assistir Peter Pan) que as coisas (e até eu mesma) vão melhorar no ano seguinte, que devemos almejar mudanças, fazer pedidos e esperar pelo melhor. Não sou otimista, aliás passo bem longe disso, mas assim como a alma de alguns cheira à talco de vez em quando, a minha se veste de lamê no final de ano! Fico brega no último grau, sou invadida pela certeza de que tudo vai ser diferente e por mais que eu não tenha um plano concreto pros próximos 365 dias eu me pego confiante de que o Universo tem (o especial do Roberto Carlos eu pulo, há limites).


Lógico que você pode estar pensando que tudo isso é uma tremenda babaquice e que esse negócio de postar toda segunda finalmente fundiu meu frágil cérebro (olha! quase inventei um trava línguas!), que não ter um plano, só esperança, é completamente inútil mas, eu penso que ter o plano perfeito e não ter brilho nos olhos é que é! Sim o Ano-Novo é um dia como outro qualquer, mas como já disse antes acredito que as coisas são o que fazemos delas e pra mim esse é um dia de esperança, essa chama que tem um brilho discreto mas que na maioria das vezes não se apaga nem com um belo sopro de razão (e olha a chuva de purpurina!), pra mim esse é o dia em que todos os meus sonhos são possíveis e quem, em sã consciência, não gostaria de um dia como esses???

    

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

E viva a crise de consciência!

Antigamente eu acreditava que as coisas ou estavam certas ou erradas, que não existia nenhuma outra categoria além dessas duas, que era tudo preto no branco, mas com o passar do tempo comecei a perceber que entre o preto e o branco existe uma enorme área cinza.

Hoje penso que o certo (guardadas as proporções)é relativo. O certo pode ser certo só pra você, certo em uma determinada situação (em outras seria nada menos que errado), certo dependendo do contexto e até da sua capacidade de argumentação. Não acredito em certo absoluto, nem em errado por coerência. Acredito em valores.

Temos dentro de nós uma idéia do que é certo e o que é errado, nossos valores. Esses valores são a mistura de todos os conceitos passados a nós por nossos pais e educadores e o que dizem nossas entranhas (nosso coração pode até errar, mas nossas entranhas...nunca!) e na grande maioria das vezes é isso que vai te impedir (ou te impelir) em uma das duas direções.



É verdade que o ambiente influencia muito nas nossas escolhas, de acordo com um programa que vi no Discovery Channel (adoro documentários sobre comportamento humano) temos uma necessidade de conformação com o grupo, ou seja, temos a tendência de nos sentir parte de um. A pesquisa era basicamente o seguinte: eles colocavam uma pessoa numa sala cheia de atores e um dos atores (com um jaleco e óculos, pagando de cientista)  fazia uma pergunta (tosca, não era coisa pra divagar) e levantava uns cartões como opção de resposta (com letras), e o único carinha que não sabia da armação (o trouxa que era a cobaia) levantava o cartão com a resposta que ele achava que era a correta (que era mesmo obviamente a correta, as outras passavam bem longe, tipo, a gema do ovo é a) azul cobalto, b) xadrez de vermelho e verde ou c) amarela), enquanto os outros levantavam outras completamente diferente da dele, mas iguais entre si.
O carinha não acreditava, ele pedia pro cientista repetir a pergunta, aí olhava pro cartão dele, olhava pro dos outros...você podia praticamente ouvir o pobre se perguntando se podia vir fazer a pesquisa depois de fumar crack. As salas tinham sempre uma só cobaia e o restante das pessoas eram atores contratados Nas perguntas seguintes algumas cobaias, mais corajosas, continuavam a dar uma resposta diferente do grupo (com cara de ué, mas continuavam a dar a resposta que julgavam ser a correta) mas a maioria delas acabava sucumbindo à pressão, tipo, começando a duvidar da própria sanidade e seguindo o fluxo, levantando o cartão com a resposta igual ao dos outros. Sabe o que é mais engraçado? A grande maioria parecia mais confortável assim, pertencendo ao grupo mesmo sabendo que o que estavam dizendo não era o certo.



Enfim, o que eu queria dizer com essa longa viajada é que muitas vezes sabemos sim a diferença entre o certo e o errado, mas manipulamos a situação de forma que pareça que tivemos uma amnésia momentânea, e seja pra se encaixar num grupo (muitas vezes pensamos que se tá todo mundo fazendo talvez não esteja tão errado assim) ou pra benefício próprio, acabamos convencendo a nós mesmos que não estamos, de fato, quebrando nenhuma regra, no máximo envergando.


A clarividência só dá o ar de sua graça quando nossas peripécias são colocadas no modo narrativa. Quando alguém te pergunta por que anda fazendo essa ou aquela outra merda e as palavras soam como um soco no estômago, porque na sua cabeça a tal coisa nunca teve, cheiro, cor ou formato de merda, mas uma vez visto pelo ângulo apresentado por outra pessoa fica claro que nunca foi outra coisa, ou, quando vemos alguém sendo pego ou punido por ter angulado uma linha reta os exatos mesmos graus que nós mesmos.

A reação normal é: primeiro negar que o focinho de porco, seja de fato, focinho de porco, em seguida justificar sua confusão momentânea já que ele se parecia imensamente com uma tomada e finalmente (só os sensatos chegam ao estágio final), uma tremenda crise de conscîência, com direito à  autopunição seguido de uma severa auditoria no setor "valores e prioridades".

O arrependimento que persegue os íntegros depois de um episódio desses, tenha ele sido de fato "pego" ou não, é um como um rolo compressor. Deixam o ego e o orgulho da finura de um papel. Eles se martirizam, rasgam as roupas e fazem jejum de semanas...bom, dei uma floreada na história, na verdade ficam tristonhos e cabisbaixos e se queixam com os mais íntimos que jamais se imaginaram em tal situação. 

Nada como um belo revés pra nos lembrar que as regras não são feitas de borracha. Afinal, quem se decidir a angular uma linha reta, é melhor estar preparado pras consequências, que não é porque você não foi pego com a boca na botija que está livre delas, que tudo que vai, volta e geralmente bem no meio da sua testa.

Sim, passar por uma situação dessas é péssimo, dói, quebra, humilha mas a verdade é que não existe nada mais nobre que o arrependimento depois de agir de forma duvidosa.




Não se deixe iludir por seu orgulho. Somos todos corruptíveis então, viva a crise de consciência, pois pra sofrer desse mal é preciso admitir que errou e arrepender-se disso, ou seja, pra ter crise de consciência é preciso ter uma!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Firme...como gelatina!

Outro dia alguém me perguntou se eu estava tendo problemas pra seguir o plano de postar toda segunda-feira. Helloooo, take a wild guess!




Consistência realmente não está no topo da minha vaaaasta (se importaria de tirar esse sorrisinho cínico dos lábio antes de continuar?) lista de qualidades. Só o fato de saber que vou TER que fazer algo já me deixa apreensiva. Pra deixar bem claro o nível de tensão que um compromisso me causa, eu tive dificuldade até pra encarar um horário fixo na manicure. Ficava pensando: melhor não, vai que eu precise fazer uma cirurgia naquele dia, ou quem sabe tenha que dar banho no cachorro ou pior...eu poderia simplesmente não estar afim! Gosto de pensar que estou livre pra mudar de idéia à todo o tempo e que ninguém (nem eu mesma) manda em mim (tá se perguntando por que está perdendo seu tempo lendo essa merda e pensando em fechar a página? Já tá na metade, se não terminar corre o risco de parecer tão inconsistente quanto eu!)! Agora imagina o tamanho do problema que eu criei pra mim mesma com essa história de postar toda semana????


Estou praticamente tendo uma aneurisma de tanto pensar, minha cabeça fica a mil, não que ela já tenha um dia ficado a 990, mas acho que antes de eu inventar de tentar expressar o que se passa dentro dela (com direito à ilustrações) semanalmente, a coisa era mais natural, não tinha data marcada pro parto, sabe? Essa história de uma cesárea por semana está me deixando maluca!!! 

Óbvio que vou inventar todas as desculpas do mundo pra não continuar com isso, por que? Não sei bem, deixe-me elaborar... bom... hum...veja bem... ah sim, porque sou firme feito uma porcaria de uma gelatina! Funciono da seguinte forma, enfrento qualquer coisa, desde que seja por pouco tempo. A chama brilha forte, mas só por pouco tempo, tão pouco que nunca dá tempo de realizar coisa nenhuma, nada mesmo!

Já tentei racionalizar essa vontade que tenho de deixar tudo pela metade, essa falta de determinação, no meio do projeto (com sorte, porque em geral é no começo mesmo) eu começo a me fazer perguntas do tipo: Qual era mesmo o objetivo disso? Será que um dia vou atingi-lo? Será que é esse mesmo o caminho? Quem sou eu? ... Existe vida após a morte???...meu cérebro é tão apelão!



O fato é que, na real, o que tô tentando fazer é convencer a mim mesma que não preciso cumprir minhas promessas, que posso fazer só o que quero, por quanto tempo desejar e que tenho um bom motivo pra isso. Penso demais, faço de menos (I´m a victim of my own mind!). A mimadinha em mim formula um monte de perguntas pras quais nunca tive resposta (nem mesmo quando me propus a fazer a tal coisa da qual estou prestes a desistir) e a responsável e determinada se entrega, mesmo porque, vamos combinar, a coitada é anêmica.

Como eu faço pra mudar isso? Acho que o jeito é deixar a "mimadinha" falando sozinha, apreciando um belo chá de pouco caso, enquanto turbino o da "determinada" com Red Bull. Fazer o que me propus mesmo que não saiba mais o por quê . Continuar a fazer algo mesmo que não me pareça mais tão natural ou tão simples assim. Me obrigar a dar continuação a qualquer que seja o projeto em questão e entender que dar desculpas pra si mesmo é tão útil quanto estalar os dedos pra chamar sua tartaruga de estimação. Pronto, agora que já tenho um plano só resta saber por quanto tempo vou segui-lo!




segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Cuidado! Pessoa inflamável!


Essa sou eu. A antítese de mim mesma!
Ao mesmo tempo que consigo ser muita vezes centrada e analítica, me tira do sério na TPM pra ver no que dá. No mínimo um filme de ação com super orçamento, repleto de tiroteios e explosões fenomenais, e não é que esteja representando um papel ao agir de qualquer um dos modos antagônicos, não é que suprima minha raiva e frustação na maior parte do tempo o que culmina numa erupção mortal de lava como muitos podem estar supondo, é que as duas personalidades em questão simplesmente ignoram a lei de que dois corpos não ocupam o mesmo espaço e coexistem dentro de mim (talvez porque ocupem o mesmo corpo?!?).








Quando tenho meus acessos de fúria, todo o discernimento e bem senso desaparecem sem deixar rastro, a personalidade argumentativa, a que acha que uma boa conversa resolve tudo, entra em coma e outra, copletamente insana assume. Grito, choro, brigo, falo mais do que devia, enfim toco fogo em tudo (o que nem é muito de propósito uma vez que também entrei em combustão, não necessariamente espontânea)!






Depois de um desses desastrosos episódios, ouvi gente me aconselhando a procurar ajuda profissional (você tá rindo? Pode parar porque eu tô falando sério!)...será que é esse o caminho? Será que dá pra remover cirurgicamente essa personalidade descontrolada que se esconde dentro de mim no divã de um psicólogo? Será que um analista conseguiria me convencer (mais rápido do que eu mesma vou fazer a seguir) de que atribuo vida própria a tal personalidade simplesmente pra eximir da culpa de não ter a manha (ou o saco) pra controlar essa parte de mim? 

Sempre tive uma certa (total e absoluta!) resistência quanto à psicólogos.
Não sei se porque eu não acredito que alguém possa me indicar um jeito melhor de lidar com meus bichos, ou se porque simplesmente não acredite que tal tratamento exista pra ser indicado. As pessoas me dizem que sou cabeça-dura, que adoro dar conselhos mas não aceito nenhum (dããã, fala alguma coisa que eu já não saiba. Grata!) mas até que ponto isso é de todo verdade? Eu ouço sim, considero até a hipótese, mas fala sério, se é esse parto com fórceps pra aceitar conselhos de quem me ama, qual a probabilidade de aceitar os de  um completo estranho?

Não tô tentando ignorar o problema, tô sabendo que sou inflamável e também tenho plena consciência de quando isso acontece posso dizer (ou fazer) coisas das quais vou me arrepender (posso não, vou!). Sei muito bem que em muitas dessas situações não vou poder voltar atrás, mas qual seria a solução? Encher essa personalidade de pílulas pra que ela durma pra sempre e me deixe (ou a você) em paz? Isso afetaria só essa parte de mim? Penso que se tentar calar essa parte de mim, como efeito colateral tudo em mim vai  silenciar também, e eu poderia até deixar de ser um vulcão prestes a entrar em erupção ambulante (ia ter tanta gente soltando rojão que ia parecer jogo do Curíntia!), mas ia também deixar de ser eu!

 Eu acredito que esse meu jeito explosivo tem a ver com a intensidade com que sinto as coisas, reajo com energia desnecessária ao rotineiro, não aprendi a domar essa paixão adolescente pelas coisas, o que vixa e mexe se traduz em ódio e fúria, mas será que a fórmula pra consertar isso é esinada na faculdade de psicologia? Um poção talvez?

O que exatamente um psicólogo ia fazer? Dar uma aula sobre auto-controle? Tentar atribuir meu descontrole emocional a algum trauma de infância? Me explicar que as coisas que transformo em cinzas com meus ataques incendiários não vão voltar a vida no final do dia como uma Phoenix? Oi! Tô sabendoooo!

Várias pessoas me disseram que um psicólogo pode me fornecer ferramentas pra resolver meu problema, que eu simplesmente não possuo...será?  Será que eu tô presa no nível 4 da minha vida e pra passar pro nível 5 (no melhor estilo Mario Bros) é preciso deitar num divã, conversar com um psicólogo pra só então conseguir o chapéu com girocóptero que preciso pra chegar numa portinha lá no alto que garante o acesso à próxima fase? Acho improvável...

Podem me chamar de ignorante (vá em frente, sou mesmo muitas vezes) mas não acredito que terapia seja a solução pra mim, pode até funcionar pra muitas outras pessoas e por favor, não me entenda mal, respeito isso(pácas)! Acho que a gente deve ir atrás de qualquer coisa que nos faça nos sentir melhores, ou até de fato, melhore as coisas pra gente, mas tenho a forte impressão, de que no meu caso,  se caixinhas decorada com tarjas pretas não fizerem parte desse processo "terapêutico", a coisa vai continuar mais ou menos na mesma.

Alguém ainda, atribuiu minha resistência a análise ao medo do que eu vou encontrar, mas (só pra variaaaar!) não concordo, não é medo é mais a falta de empolgação que a idéia de dedicar o resto da minha vida (ah sim, a coisa vai looonge!) a procurar pêlo em....Lulu da Pomerânia, me traz. Já sei que eles estão lá, escovo o bicho todos os dias! Qual seria o objetivo? Arrancá-los todos? Onde eu passaria a procurá-los então?

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Estão todos contra mim!!!!

Quem já não sentiu essa sensação?

Algumas vezes temos a nítida impressão de que o universo está conspirando contra nós o que não percebemos (ou decidimos ignorar) é que geralmente existe um boa razão pra isso. Sei que disse no post anterior que não procuro aprovação de todos pra tudo que eu faço, mas disse também que levo em consideração a opinião de quem me importa e que sei que se importa comigo.

Tenho a impressão de que quem assume a postura de vítima quando isso acontece, quando todos te falam (todos= pessoas de quem você goste e que gostem de você) que tem alguma coisa errada com o jeito que você tem agido, não assume sua parcela de culpa pelas coisas que acontecem em sua vida. Acha que tudo é obra de uma acaso sádico.

 Passei grande parte da minha adolescência me sentindo assim, um pouco deslocada, mal interpretada, mas não levava em conta o fato de talvez estar REALMENTE ERRADA. É isso aí meu amigo, por mais improvável que isso possa parecer você também erra então, considere com  mais carinho a hipóstese de que não é possível que estejam todos errados e só você certo.

Como superei essa fase? Não sei se superei por completo, ainda custo a acreditar que alguém enxerga as coisas com mais clareza que eu, principalmente com relação à minha vida (santa prepotência Batman!), mas confesso que hoje valorizo muito mais outras perpectivas e conselhos. Percebi o óbvio, que quem está de fora tem uma chance muito maior de enxergar a coisa com mais clareza do que quem está com o nariz colado nela. Aprendi a ouvir. É crucial que se faça isso se quiser viver bem.

O fato é que é muito complicado dar conselho a alguém que acha que está fazendo o certo (mesmo que a maioria não concorde), é preciso entender que nós fazemos coisas que nos tragam algum tipo de benefício e é muito fácil julgar uma vida que não se vive e, ao mesmo tempo que nos enerva ver alguém que amamos tomando decisões "erradas", é preciso ter consciência de que aquela pessoa tem algum tipo de "lucro" com suas ações. As coisas que faz desempenham um papel na vida dela que talvez não te pareça grande coisa mas, não se esqueça que tudo é uma questão de perspectiva. Tá vago? Vou dar um exemplo.

Quem já não passou pela experiência de ver um amigo se envolvendo com um(a) "tranqueira"? Bate um desespero! A gente avisa, junta provas, agenda reuniões (disfarçadas de happy hour), organiza uma intervenção (os mais exagerados, é claro...a maioria de nós se obriga a parar no happy hour e só sonha com a intervenção). A gente se sente na obrigação de "salvar" a pessoa. Salvar? Você é quem mesmo? O Super Mouse (Super Mouse o seu amigo, vai salvá-la do perigo!...lembra?)? Desculpe jogar um tijolo de realidade no seu lindo castelinho de ilusões (de vidro, diga-se de passagem) mas isso não acontece.


Ninguém é tão inocente quanto está imaginando. Ok, concordo que as pessoas pode ficar um pouco cegas quando se envolvem com alguém, mas ela certamente irá enxergar a verdade mais cedo ou mais tarde e talvez, só talvez, ela já conheça todos os motivos que você está desesperadamente tentando organizar em ordem alfabética ou até em um gráfico (pra que não reste dúvida) de por que ela e a tal "tranqueira" deveriam se separar mas, simplesmente acha que o bônus é maior que o ônus...e quem é você pra dizer que não é? 

Como assim? Então temos que ficar calados assistindo a ruína do nosso melhor amigo?

Também não precisa apelar pros violinos!

Podemos até tentar aconselhar, mas é preciso aceitar que existe um limite pro que podemos fazer e o quanto podemos tocar ou mudar a vida de uma outra pessoa. Podemos sim, fazer as vezes de óculos mas é preciso que o outro admita ter miopia (astigmatismo ou até vista cansada). Insistir em organizar passeatas e  fazer campanhas é um tiro que fatalmente vai sair pela culatra. A pessoa vai passar a te evitar e eventualmente te cortar da vida dela se não estiver disposta a seguir os seus conselhos e com isso acabamos perdendo a chance de estar lá pra ajuda-lá a se levantar quando sua previsão de que ela vai cair e quebrar os dentes quando ela, se de fato for esse o caso, se realizar.

Sei que é complicado, impotência é provavelmente o pior sentimento do mundo. Uma agonia! A boa notícia é que existe um antídoto, a aceitação. Não é fácil de conseguir (só cresce nos picos nevados do Himalaia) mas, também não é impossível.

É um exercício diário, principalmente se a pessoa em questão é um membro da família ou um grande amigo (o que é praticamente a mesma coisa) e suas ações te afetam diretamente. As ações de pessoas com as quais escolhemos (ou somos obrigados por laços de sangue) manter um relacionamento íntimo sempre afetarão nossa vida, é o preço que se paga por tantos outros benefícios que uma relação dessa natureza traz.

O que estou tentando dizer é: Não tente trazer o louco à razão, porque almejar o impossível é pedir pra se frustrar. Estou tentando lembrar as pessoas que convivem com uma outra que está passando por uma fase "estão todos contra mim" que não se pode consertar algo que não está quebrado (ou que pelo menos não se percebe assim). É preciso nos dar conta de nossa próprias limitações ou acabaremos assumindo um problema que não temos a menor condição de resolver, não porque não somo bons ou qualificados o suficiente e certamente não porque não amamos o suficiente a pessoa em questão, mas simplesmente porque é impossível!

Portanto se tem alguém assim na sua vida, meu conselho (caso se ache na posição de dar, tem que aprender a receber) é que esgote suas possibilidades, fale, avise, alerte, oriente e uma vez que seu resultado seja sempre o mesmo, a negação ou incompreensão das suas intenções por parte do outro, aceite que cada um é responsável por sua própria vida e por mais que  sua opinião continue a mesma, mude sua atitude. Reprograme sua relação com tal pessoa (mesmo que temporariamente) pro "damage control mode", pra que a vida dos outros não assuma o poder de destruir a sua.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Applause please?!?

Outro dia, conversando com umas amigas, me dei conta que algumas pessoas sofrem mais que outras (ou simplesmente demais) com uma necessidade que apesar de comandar suas vidas, consegue muitas vezes passar despercebida ou pelo menos anônima. A necessidade de aprovação.






A grande maioria de nós sofre desse mal (que na verdade nada mais é que natural e inerente à toda espécie que viva em comunidade, que dirá uma racional) e os pouco restantes a quem pouco importa a opinião alheia (aqueles tipos que vivem soltando pérolas do tipo: "ninguém paga as minhas contas"), ou seja, os grande atores, esses são geralmente mal vistos pela comunidade que orbitam, digo que orbitam porque pra fazer realmente parte dela de verdade é preciso garantir sua aprovação e pra isso é preciso que haja algum tipo de respeito ou admiração e não procurar aprovação pra nada significa não ligar pro que os outros dizem nunca, ou seja, é dizer que todo mundo na face da Terra é menos esperto que você, sempre. Algo não muito espertode se fazer.

Calma, não me chamem de hípócrita! Não ainda! Eu ligo sim pra opinião alheia, sempre liguei, mas não à qual eu sou alheia! Não fez sentido? Justo. Minha habilidade linguística, às vezes, se revela mais limitada do que eu gostaria de admitir. Eu explico melhor.

Honestamente não me interessa que todos gostem de mim (de verdade! Sou uma péssima atriz, jamais conseguiria sustentar uma máscara por tanto tempo), entendam ou sequer aprovem minhas atitudes, me interessa se as pessoas quem me interessam o fazem. O que torna as coisas absolutamente diferentes.

Não sofro do "mal da necessidade de aprovação", não essa aprovação absoluta (pra tudo e por todos) que vejo várias pessoas se matando pra ter. Pra que? Pouco me interessa a opinião de quem não me conhece o suficiente pra me julgar ou o julgamento de quem conheço o suficiente pra não me interessar, e no fim das contas acredito que o que me define são minhas atitudes e não a opinião dos outros sobre mim.

É impossível agradar a Gregos e Troianos, todos nós sabemos disso, mas isso não impede de algumas (muitas) pessoas de tentar. Dedicar sua vida a agradar os outros me parece um ótimo jeito de perder sua identidade, sem falar na sua sanidade.

Não, não me considero parte desse grupo (que procura aprovação à qualquer custo), tampouco do segundo, estou em algum lugar entre os dois (será que estou no limbo do "mau da necessidade de aprovação"?!?). Falando sério, acredito no equilíbrio e mais que isso, acredito no natural e mudar meu modo de pensar e de agir pra agradar quem quer que seja não me soa lá muito natural. Obviamente que de vez em quando é preciso escutar o conselho dos outros e modificar algumas coisas, até alguns conceitos, isso pra mim chama-se evolução e, na minha opinião, quem ignora ou faz questão de ignorar isso perde tanto quanto quem o faz, o tempo todo, sem um motivo razoável, mas mudar algo pela simples necessidade de um tapinha nas costas simplesmente não é meu perfil.

Acredito em seguir seu coração e se alguém não gostar do que vai nele, provavelmente não fará parte do seu círculo social, simples assim. Podem até ter uma convivência educada, mas ao contrário desse novo conceito que tentam nos enfiar goela abaixo, não é preciso ter um milhão de melhores amigos. Caso seu "mal" mostre as caras mais frequentemente no meio profissional, mais fácil ainda de resolver, é só lembrar de um ditadinho básico "quem não tem teto de vidro, que atire a primeira pedra". Não estou falando que tá ok sair por aí pisando na bola, mas se pisar, saiba que acontece com todo mundo, aprenda com isso, tente não fazer de novo e siga em frente. Fora que, falando sério, que vantagem Maria leva? Todo mundo gosta e está satisfeito com você seja no âmbito profissional quanto no pessoal graças ao seu esforço descomunal pra isso. Ótimo, parabéns (viu como você é bom, ganhou parabéns até de mim!) sua vida é perfeita! Pena que é só até que cometa um deslize com qualquer uma dessas pessoas uma única vez, aí você vai ser tão ruim ou ainda pior que eu, que me recuso a fazer o que não acredito ou até mesmo o que não quero (o egoísmo faz parte de ser humano, assumo o meu, mas não com orgulho, que fique bem claro!) em troca de "parabéns". Vou trocar em miúdos pra quem teve dificuldade de acompanhar ou está simplesmente em processo de negação.

A  busca por aprovação vai consumir todo seu tempo e energia e como bõnus vai te colocar de babá de um menino muito pentelho chamado "Erro", com uma bola de lama em cada mão, prontinho pra arremessá-las bem na sua cara!...lembrando que errar é humano, te parece um bom negócio?

Na tentiva inútil de agradar a todos acabamos criando pra nós mesmos espaços cada vez maiores a serem ocupados e preenchidos, nos dividindo, multiplicando ou nos diluindo na intenção de executar tal tarefa com perfeição, na mesma proporção em que nos perdemos de nós mesmos. Tudo isso pra quê? Pela excitação momentânea de imaginar que os outros nos admiram por nossa perfeição? Quem é que consegue ser perfeito 100% do tempo...(Angelina Jolie...talvez) quem é que consegue ser perfeito afinal (se eu tivesse que apostar em alguém definitivamente seria nela, 6 filhos, 3 adotados em países pobres, embaixadora da boa vontade, ganhadora de Oscar, maravilhosa e magra daquele jeito??? Stop raising the fucking bar!)...e finalmente, quem iria querer uma coisa dessas? Pensou: "Eu"? Lá vem laaaaamaaaaa!!!!

O erro nos faz melhores, é a única maneira de crescermos, evoluirmos. Podemos aprender tantos com os nossos (inteligência), quanto com o dos outros (sabedoria). Comparo os erros com um copo de suplemento alimentar, podem ter um gosto detestável mas ao contrário dos seus desejados "tapinhas nas costas" fritos e gordurosos te ajudam a crescer forte e saudável.

Adimita suas falhas, aprenda a perdoar-se por elas e tenha fé que as pessoas que realmente merecerem estar na sua vida saberão fazer o mesmo, se não por bondade ou retribuição, por simples consciência de que esse mundo é redondinho, redondinho e, cara, como ele dá voltas!

Ps: Pra quem não percebeu, acrescentei um botão de comentários do Facebook. Ficou bem mais fácil me dar um feedback, hein? =)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Coragem, coragem!


Confesso que já fui uma pessoa bem intolerante, insensível, egoísta e explosiva, claro que continuo sendo todas essas coisas, mesmo porque ainda não me ficou muito claro até onde se pode mudar sem que se perca de si mesmo, mas hoje, de forma um pouco mais, digamos, moderada.

Sou briguenta sim, nunca levei desaforo pra casa, mas hoje em dia procuro até fazer uma força, espremo num bolso da calça, jogo no fundo do porta-malas, sei lá. Não fico com ele pra sempre, só o tempo necessário pra coisa dar uma assentada na minha cabeça, até que eu encontre um jeito de melhor de lidar com a situação que não o primeiro impulso, nada civilizado, de passar um rasteira e partir pra cadeirada (hahaha brincadeira hein?...ok...médio...Oo). Não virei a Branca de Neve, mas não me considero mais uma Holligan.

Todos queremos melhorar com o tempo, crescer, amadurecer, acho que é um desejo comum a qualquer ser humano, mas pra isso é necessário que não nos privemos da tristeza, vergonha ou seja lá o que for que uma experiência ruim nos traga. É importante viver esses baixos com tanta intensidade quanto os altos pra que se possa aprender com eles. É preciso manter os olhos abertos na queda, é preciso coragem.





Conheço muita gente que não se permite sofrer, não se permite conhecer, não se permite amar, ser amado, gente que não se permite! O mais estranho é que essa gente que se pensa forte por isso. Faz-me rir!

Força pra mim é o exato oposto, é conseguir se arrebentar em um milhão de pedaços pra depois juntar os cacos, colar do jeito que der e recomeçar, é conseguir se reinventar por que entendeu que do jeito que era não podia continuar. Força é sofrer quando a situação assim o determina ao invés de segurar o choro e seguir vivendo como se nada tivesse importância, porque a verdade é que as coisas só têm o valor que atribuímos a elas.

Não sou a favor da auto-comiseração, muito pelo contrário, mas acho é preciso cair, chorar, abanar os ralados e esfregar os hematomas pra só então colocar um band-aid pra aí sim, agarrar a vida pela crina e tentar montá-la de novo. É preciso entrar em contato com os sentimentos, nos fazer perguntas difíceis (daquelas que só seu travesseiro sabe fazer). Tentar ignorar as experiências negativas  é o melhor jeito de vivê-las novamente em breve! Viver na superfície de si mesmo é tão prazeroso quanto comer (os diabéticos que me perdoem, mas açúcar é fundamental!) uma sobremesa diet. Quem vê o outro saboreando aquele doce maravilhoso fica até com água na boca, mas só quem tá comendo sabe o quanto aquela porcaria é inssossa.

Esse tipo de comportamento sempre nos toma o melhor de cada experiência.  É fácil boicotar nossas fantasias por medo do fracasso, se acabar em preocupações com o problema dos outros pra não pensar nos seus, tentar manter a calma frente a uma situação que requer desespero (tá essa nem é tão fácil assim...) ou tentar disfarçar nosso vazio interior concentrando-se somente no exterior.
Eu sei que se pode viver assim, encenando uma vida perfeita, tirando a máquina fotográfica da bolsa só na hora de tomar as pingas, relegando os tombos à completa obscuridade, mas é que eu por algum motivo penso que o objetivo é viver e pra isso é preciso mais que uma boa atuação, é preciso sentir, amar, sofrer, perdoar, ser perdoado, se irritar, dar bola fora (daquelas monumentais que te fazem considerar aquela oferta de emprego de meteorologista no deserto do Atacama), odiar, nem ligar, se arrepender...é preciso coragem. Coragem pra mudar ou pra se assumir, coragem pra enfrentar o medo de talvez ter sido covarde até agora.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

A Atlas o que é de Atlas!

Saber o que é responsabilidade nossa é um pouco mais complicado do que parece. Muitas vezes nos sentimos responsáveis por coisas sobre as quais não temos absolutamente nenhum controle e fatalmente nos culpamos, caso não sejamos capazes de manipular as situações de forma a deixar todo mundo feliz e contente. Coisa inútil essa, um atraso de vida!

Não interessa o que você faça, acredite, nunca vai deixar todo mundo feliz e contente!

Vira e mexe vejo alguém (até eu mesma, que sei tudo sobre tudo!...riu,morreu!) caindo nesse erro grotesco, de achar que é responsável pela felicidade ou bem-estar de alguém. Não somos (não sou!), não é só uma questão de individualismo (cada um cuida do seu) mas é simplesmente uma impossibilidade, algo que está fora das nossa mãos e se sentir responsável por algo que não se pode fazer por definição me parece a receita pra insanidade.

Obviamente não estou incentivando meus parcos leitores a enfiarem o seu debaixo do braço e saírem correndo, usando a cabeça dos outros como escada, mas estou convidando-os a deixarem de lado a culpa de não conseguirem manipular o equilíbrio do Universo.

Aceitação. Essa é a palavra!
Não adianta fantasiar que podemos melhorar a vida de alguém piorando a nossa, isso não funciona, é insustentável. Sentir-se culpado por procurar uma coisa melhor pra sua vida, seja num relacionamento amoroso, familiar ou profissional não faz nenhum sentido, mesmo porque é raro que qualquer relacionamento chegue ao fim sem nenhum motivo ou prenúncio, provavelmente a outra parte interessada teve alguma participação nisso ou até mesmo uma chance de mudar essa história.

Obviamente existem jeitos melhores ou piores de se acabar um relacionamento, e se o seu, por acaso foi o último caso, converse, desculpe-se, tente não fazer de novo, mas isso é o máximo que se pode fazer a respeito, ainda não inventaram um botão de rebobinar a vida, portanto faça o possível pra que a outra pessoa entenda que não foi intencional e por mais feia que a coisa tenha sido coloque uma pedra sobre aquilo e siga em frente. Perdoe-se, mesmo que o outro não consiga fazê-lo, porque não se pode exigir o perdão de ninguém.

É preciso ter consciência de que uma vez conversado e explicado o assunto precisa ser encerrado dentro de nós, mesmo que a realidade tenha se negado a seguir seu script que incluía abraços, lágrimas, compreensão e o tão esperado perdão.

A culpa que sentimos quando fazemos algo que não gostaríamos de ter feito, ou talvez não da forma como fizemos, abre uma ferida na nossa alma (pelo menos dos que têm escrúpulos) que só o perdão consegue fechar, mas nem sempre a pessoa “lesada” está disposta a oferecer o bálsamo tão prontamente quanto gostaríamos e infelizmente, acontece ainda da tal pessoa não conseguir fazê-lo nunca (pena pra ela, porque esse bálsamo é tão porreta que conseguiria fechar também a dela). Quando isso acontece é preciso tomar uma providência e aceitar que só podemos falar por nós mesmos e que é preciso fechar uma ferida aberta, antes que ela contamine, inflame e necrose. Todos temos guardado dentro de nós tudo que precisamos pra ficar bem, portanto vasculhe a casa, do porão ao sótão e encontre aquilo que vai salvar a sua vida. O perdão!

Entenda e aceite que você que pode causar dor, trazer alegria, perdoar, melhorar ou piorar a vida de quem está ao seu redor sim, mas existe um limite, limite esse que é definido pelo outro e somente por ele.

Culpa é um sentimento normal e até nobre, mas se nem Hércules aguentou o peso do mundo e teve que dar o jeito de jogar a bomba na mão de Atlas de novo, será que vale mesmo a pena tentarmos?

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Limites

Cara eu já tava cansada dessa nova onda de "vamos discutir o bullying". Pra mim o bullying é uma coisa que sempre existiu e nunca vai deixar de existir. Quem nunca sofreu bullying na escola pôe o dedo aqui que já vai fechar. É uma coisa absolutamente normal e corriqueira nos sentirmos, ou sermos de fato intimidados, pressionados, excluídos ou até mesmo maltratados por outros seres humanos.

Não acho que o bullying se limite à escola, acho que ele começa lá simplesmente porque é o lugar onde começamos nossa convivência, onde passamos a estabelecer relações com outros seres humanos que não seus avós, pais e outros que sempre colocarão o seu bem estar à frente do deles e têm pouca ou nenhuma necessidade de estabelecem limites territorialistas, eles tem uma coisa que se chama autoridade, em última análise, eles mandam e você obedece, essa é a lei natural das coisas. Já na escola você passa a se relacionar com indivíduos que têm a mesma idade que você, ou seja, o lance da autoridade foi pro saco, e passa a valer mais uma lei natural, a do mais forte. Os limites são estabelecidos na base da porrada, da ameaça, do bullying!

Existem pessoas mais e menos preparadas pra esse convívio, isso é fato e por isso vemos todos os dias exemplos de bullying absurdos, desproporcionais e que muitas vezes acabam até em tragédia. A maioria das crianças hoje é criada pela babá, que tem mais o que fazer (como ver televisão, fazer a comida ou falar ao telefone) do que tentar imbuir o seu filho de valores morais e princípios (coisa que só piora caso ela mesma não os tenha), esse deveria ser nosso trabalho de pais, mas também estamos muito ocupados ganhando dinheiro pra pagar a babá, então a coisa segue assim, nesse ciclo vicioso que não sabemos onde vai dar....e dá nisso. 

Essa história não é nova e também não tem uma solução simples, ao meu ver as crianças vão continuar a sofrer bullying na escola, assim como nós vamos continuar a sofrê-lo (de maneira mais velada e maquiada, mesmo porque quando crescemos raramente nossa maldade é diluída no novo corpo maior e mais espaçoso) no nosso ambiente de trabalho e até em nosso convívio social. Os seres humanos são um misto de instintos e racionalidade o que fatalmente resulta em disputa territorialista com requintes de crueldade, já ficou provado que os animais mais inteligentes são também os mais cruéis, mas até onde se pode não interferir e simplesmente achar que bullying constrói caráter?

Eu sempre achei que adultos não deveriam se meter em briga de criança, mas confesso que me meti em uma um dia desses, achei que a coisa tinha ido longe demais. O resultado foi tudo que eu podia querer levando em conta "o novo protocolo". A escola foi acessível e se pronunciou rápida e implacávelmente resolvendo a situação com uma punição severa. Sim, eu acredito que a questão merecia uma punição severa, mas confesso que não consegui ficar totalmente em paz com o fato de ter sido eu a causadora de tal castigo ao invés do alvo do bullying. Não consegui deixar de me perguntar até que ponto devemos, como pais, nos envolver nas agressões sofridas ou feitas (sim, isso também acontece!) por nossos filhos pela vida afora. Isso os ensina a se defender? Isso os torna mais fortes? Nós somos mais fortes porque sofremos calados?

Eu admito que sofri muito com bullying na escola, principalmente na infância e hoje quando sofro algo parecido na minha vida adulta me sinto em condições de levantar e enfrentar meu agressor, mas uma coisa teria influenciado diretamente a outra? Lidar com o bullying e encontrar um jeito de superar isso nos faz pessoas mais habilidosas socialmente no futuro? Ou é puramente uma questão de personalidade? E os que são incapazes de superar? Compram uma arma e abrem fogo nas escolas?

Muitas dúvidas rondam a minha mente desde esse episódio, me pergunto se ao tentar proteger quam amamos não os aleijamos e os tornamos cada vez mais inseguros de sua própria habilidade de resolver os problemas que fatalmente surgirão em suas vidas, mas por outro lado, não consigo deixar de pensar que teria sido omissa e ausente, ao deixar que uma criança tentasse sozinha resolver algo que ela simplesmente não tem maturidade emocional pra fazê-lo.



É bem complicado saber estabelecer limites pros nossos filhos, mas descobri que estebelecê-los pra nós mesmos pode ser uma tarefa ainda mais difícil!