segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Timidez não é defeito!

Não consigo ver a timidez como um defeito. Pra mim ela é apenas uma característica. Assim como não se escolhe nascer homem ou mulher, não se pode escolher nascer extrovertido.

Você pode estar pensando: Mas, hein? Essa não é a primeira vez que ela viaja, mas agora foi longe demais! Ninguém é refém da timidez! Temos, sim, o controle sobre como vamos agir em público e podemos sim escolher ser mais aptos socialmente. Basta querer!

Não acho que seja bem assim Não mesmo. Claro que ao longo da vida é possível (com algum esforço)entender melhor como a coisa funciona e o que é preciso fazer pra não ser taxado de estranho ou recluso. Muitos seguem esse caminho, indo contra sua natureza pra parecer mais sociável e com isso sentirem-se mais aceitos, mas tem gente que simplesmente não o faz, seja porque acha seu mundo interior infinitamente mais interessante que o exterior, seja porque se vê incapaz de construir uma ponte até o próximo e se sente profundamente frustrado, isolado dentro de si mesmo. Existe ainda aquele tipo de tímido que espera tão asiosa quanto silenciosamente que alguém venha procurar por ele dentro de sua concha e o arraste pra fora, onde finalmente vai poder brincar com os amigos sob o sol, que no momento está absolutamente inalcançável a exatos 8cm de distância...te parece bizarro? Pode até ser, mas será que essas pessoas evitam os holofotes porque não têm nada pra mostrar, ou será que só não vêem sentido em mostrar o que têm a qualquer um e fazer disso um espetáculo? Será que ridicularizar a timidez e taxá-la de inadequação ou até mesmo patologia (sim, chegamos a isso!) é a coisa certa a fazer?

A gente faz parte de uma cultura de extremos. O pobre do nosso equilíbrio recolhe-se a sua inignificância enquanto sonha com seu trono, erguido por um desses povos mais antigos e sábios (japoneses, chineses, tibetanos), que entendem que na grande maioria das vezes é mais produtivo ouvir que falar.  Aqui valorizamos o poder, a extroversão, a capacidade de liderança baseada na sua habilidade de ludibriar o próximo, não na habilidade por si só. Aqui valorizamos o discurso instantâneo, daqueles que basta acrescentar saliva e doses teatrais de linguagem corporal que tá pronto, ao invés da reflexão.
As pessoas tímidas têm dificuldade de se inserir nesse contexto e se parecem deslocadas é porque realmente estão. Talvez essa mesma pessoa fosse classificada como normal, ou respeitosa numa dessas culturas que mencionei antes, onde as palavras e as pessoas parecem ter mais valor que 15 minutos de fama injustificada.Tenho a impressão de que a necessidade de atenção é algo inerente a todos nós. Todos gostaríamos de ser notados, mas pedir o microfone pra cantar "atirei o pau no gato" mesmo que tenha uma entonação de ópera me parece, no mínimo, perda de tempo (principalmente do de quem ouve).

Ao contrário dos os pais de crianças tímidas, que têm a tendência de empurrar seu pimpolho solitário pro meio da rodinha no tanque de areia acreditando estar preparando-o pro sucesso, não acredito que a extroversão seja o único jeito de se fazer notar. Basta observar que grandes contribuições na área das artes, computação, literatura e inúmeras outras foram feitas por indivíduos tímidos e introvertidos, sim, é fácil dizer que não está rolando uma festa de arromba numa casa da qual não se ouve ruídos, mas classificá-la como abandonada pode ser um pouco precipitado demais.

Claro que a vida do extrovertido é mais fácil, pois ter habilidades sociais implica em um milhão de benefícios, mas infelizmente (ou felizmente, vá saber) não acho que seja possível trazer um tímido pro meio do palco, ligar um holofote sobre ele e pedir que faça alguma coisa (a não ser considere vomitar um "feito"). Então que tal se a gente respeitasse o jeito como cada um se expressa e aproveitasse o melhor dos dois mundos, não tentando obrigar ninguém a ser o que não é, apenas pra causar uma boa impressão?

Seguir tentando oferecer algo que não possui, vai fatalmente consumir toda a sua energia e deixar em você só o bagaço da frustração, então porque não assumir que você pode não ser a alma da festa, mas talvez faça drinks incríveis? Não precisamos ser todos iguais! Por mais que as mulheres de Hollywood tentem provar o contrário, não saímos todos da mesma fôrma!!!

0 comentários:

Postar um comentário